Rômulo esperava seu ônibus no terminal, vendo as pessoas
chegando e partindo, até que reconheceu um rosto. Era um homem comendo um
pacote de salgadinhos enquanto também aguardava um ônibus. Talvez fosse quem
ele estava acreditando que era – um antigo professor da faculdade – mas também
poderia ser alguém muito parecido. Já fazia treze anos que não se viam.
Pensou em ir até lá e arriscar uma conversa, para ver se
ele se lembrava. Antes de dar o primeiro passo, resolveu observar um pouco mais.
O homem tinha um rosto muito parecido com o do velho professor. Apenas a barba
é que estava grisalha ao invés de preta. Isso fez Rômulo lembrar algo que o fez
rir: haviam apelidado o professor de Lobisomem, devido à barba e às grandes
sobrancelhas negras.
Como era mesmo o nome dele? Esforçava-se, mas não
conseguia lembrar. O que fazer então?
A esta altura, o homem já havia reparado que Rômulo não
parava de observá-lo. Começava a estranhar os insistentes olhares, o que fez
Rômulo pensar: “Muito bem, agora temos que ir até lá e esclarecer tudo”.
Deu o primeiro passo, e antes de completar o segundo, o
ônibus do homem chegou e o recolheu. Rômulo ficou parado no meio da via,
vendo-o sentar-se em um assento enquanto o ônibus desaparecia rua abaixo. Ficou
frustrado pela dúvida que permaneceria com ele. Seria o professor ou um sósia?
Olhou o relógio e voltou ao seu ponto. O ônibus que
esperava estava atrasado e ele voltou a ficar olhando as pessoas. De repente, de
forma inesperada, viu algo que o fez limpar os óculos na camisa para
certificar-se de que não era uma ilusão de ótica. O velho professor, o
Lobisomem, ou quem quer que fosse, continuava lá no terminal, e agora era ele
quem o observava de longe. Não se tratava de outra pessoa: era o mesmíssimo sujeito
que, há pouco, havia partido dentro do ônibus.
Rômulo estremeceu. Não sabia o que fazer, mas algo lhe
disse para afastar-se daquele indivíduo. Não parecia mais ser uma boa ideia
encontrá-lo.
Quando percebeu que o homem, que não parava de encará-lo,
deu o primeiro passo em sua direção, finalmente o ônibus que Rômulo esperava chegou
e ficou entre os dois.
Enquanto o ônibus partia, o homem permaneceu olhando fixamente,
até ser confundido com o resto da multidão.
quem é o autor desse conto??
ResponderExcluirLuis Fernando Riesemberg
Excluirmuito bom
ResponderExcluiroi gnt
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