A
casa ficava muito isolada. Diego a recebeu como herança do pai, e diante da
grave crise que se abatia, não teve outra opção senão mudar-se para lá com a
esposa e o bebê.
“Esse
lugar dá arrepios”, disse Silvia, assim que colocou os pés na sala. Era uma
casa velha, sombria, cheirando mofo.
“O
lugar ficou fechado muito tempo, mas logo vamos ter um lar aqui”, prometeu o
marido, tentando acreditar nas próprias palavras.
Com
muito trabalho do casal, após um mês o lugar já parecia mais aconchegante. Os
móveis foram acomodados, os quadros estavam nas paredes e havia fotos da
família por todos os cantos. Diego já tinha tempo para procurar emprego, mas
ele não sentia-se à vontade, e sabia que Silvia não estaria criando o filho ali
se houvesse outra escolha.
“Você
reparou que é mais frio aqui dentro do que lá fora?”, perguntou Silvia,
embalando o bebê enrolado em um cobertor. Diego já havia notado, mas preferia evitar
o assunto. Eram vários os acontecimentos estranhos, que o faziam crer que ainda
ali havia a forte presença do pai.
“Impressão,
meu amor. Mas nós podemos tentar acender a lareira. O que acha?”. Ele já havia
pensado nisso antes, mas sabia que a esposa teria pavor. Quando criança, um
incêndio havia queimado a casa de seus pais por conta de uma vela caída no
chão, e o trauma jamais se curou. “Nunca!”, disse ela, recolhendo-se para o
quarto e aconchegando ainda mais a criança ao colo.
Diego
a compreendia, por também ter seus traumas. Para ele, seria impossível entrar
no velho paiol, sob o risco de vir à tona o desespero de ter visto algo lá
dentro, quando criança. Sua mente adulta insistia em lhe dizer que aquilo não
era real, mas um temor lhe invadia o corpo toda vez que pensava naquela
história, e então suas pernas travavam.
“Meu
amor, não há motivo para ter medo de ir lá”, disse, uma vez, Silvia. E Diego
respondeu que também não haviam razões para não acender a lareira. E logo reinou
total silêncio sobre ambos os assuntos.
O
frio continuava pelos aposentos da moradia, até que o bebê começou a adoecer.
Era uma tosse leve no início, que os fez pensar que seria algo simples. Mas
depois de uma semana sem melhoras, estavam alarmados.
“É
este vento, que vem não sei de onde”, desabafou Silvia. “Fecho as janelas, me
cubro, e ainda assim parece congelar meus ossos”. O bebê chorava. Estava com
trinta e nove de febre. “Vamos acender o fogo”, disse ela, vencendo os próprios
temores.
Era
tarde da noite, e Diego sabia que a lenha só podia estar em um lugar. “Se quiser, eu vou lá pegar”, disse a mulher, ao vê-lo hesitando na porta. Naquele instante,
Diego pareceu ver a figura do pai, rindo dele por ter que pedir à esposa. “Não,
querida, eu preciso fazer isso sozinho”.
Dominou
o pavor e caminhou, a passos lentos, atravessando o quintal escuro. Uma coruja piou à
distância. “Não há nada demais em ir lá”, disse a si mesmo.
Dentro
do paiol, na escuridão e envolto pelo gélido frio do lugar, ele viu a aparição,
e gritou.
Silvia
correu, agarrada ao bebê. Atravessou os longos metros até o local e foi
encontrar Diego tombado sobre a pilha desarrumada de lenha, tremendo.
“O
que foi que você viu, meu amor?”
Ele
não conseguia falar, mas seguiu a ordem que o fantasma havia lhe dado e começou
a procurar sob os feixes de lenha. “Diego, o que está havendo?”.
E
então ele encontrou: a pequena caixa de metal, onde o diamante estava
escondido.
“Meu pai...”,
balbuciou. "Ele queria me mostrar onde estava...".
E
de repente, o frio foi embora...
tanto tempo sem seus contos... estava começando a sentir falta =D,ótimo como sempre.
ResponderExcluirserá que haverá novos contos mais frequentemente?
Obrigado, Júnior, pelo elogio. Sim, estamos dando início à temporada 2016. O objetivo, novamente, é escrever neste ano um conto a mais do que no ano passado. Ou seja, serão 25. Porém, não vou escrever tão rápido como das outras vezes, em que eu publicava praticamente um por dia. Creio que será em média um por semana, ok? Abração!
ResponderExcluirMuito bom o conto! Parabéns Luiz Fernando! Ameii
ResponderExcluirComo todos os outros contos, gostei demais deste também. Parabéns pela iniciativa de publicar mais um livro. Aguardamos ansiosos pelos que ainda virão. Parabéns
ResponderExcluirAdorei Nando, Parabéns !!!!!
ResponderExcluirVencer os medos é importante...
Muito bom! Hoje eu já leio os contos com toda a trilha sonora e efeitos na minha cabeça. rsssss
ResponderExcluirParabéns cara! Sou teu fã.
Mais contos, por favor!!!
Abraços!
Sensacional, demais! Meus parabéns!
ResponderExcluirShow... assim como o são todos os seus demais contos! Parabéns, L.F. Riesemberg!
ResponderExcluirApaixonada por esta página! Quem ama contos fantásticos, está encantado!
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