De
repente o dia virou noite e o vento começou a assobiar pelas janelas. Os primeiros pingos anunciavam que a chuva seria forte. Logo a cidade desapareceu
entre as rajadas de água e vapor que vinham de todas as direções. O canal sob a
ponte não foi o suficiente para conter o volume do córrego, e as águas subiram
até as ruas.
Foi
uma chuva rápida, mas destruidora. Os jornais do dia seguinte chamariam aquele
fenômeno de ciclone, e muitas famílias sofreriam com as perdas. No
sábado o clima ainda era de preocupação geral e contabilização dos prejuízos,
mas Gabriel aproveitou o momento para se aventurar.
Calçou
as galochas e foi dar uma volta pela rua, para observar os estragos. Havia árvores
caídas, carros da companhia de luz correndo, móveis estragados nas calçadas e ruas
sujas de lama. O menino caminhou até a ponte, para ver como estava o nível da
água, e ao chegar o que mais lhe chamou a atenção não foi o volume, mas a
fúria com que o córrego se deslocava. Parecia que haviam aberto a represa,
tamanha a velocidade com que as águas fluíam.
Gabriel
ficou admirando a correnteza e os eventuais objetos que ocasionalmente surgiam boiando
e viajando por ela. Galhos, folhas secas e pedaços de madeira eram os mais
comuns, mas também viu um colchão e uma velha boneca navegando rio abaixo. Resolveu
descer o mais que pôde até a margem do córrego para ver de perto aqueles
estranhos passageiros, torcendo para aparecer algo interessante. Mais tarde ele
entenderia esta ação como inspirada por alguma força superior.
Após
alguns minutos observando o curso das águas, reparou em algo preso num dos pilares
da ponte. Parecia uma caixa de madeira. Gabriel pegou um galho comprido que
estava caído próximo aos seus pés e o esticou até o objeto. Com alguns
movimentos ele se desprendeu e entrou no fluxo do córrego. “Não, não! Venha pra
cá!”, implorou o menino, puxando com a ponta do galho, até que conseguiu trazê-lo
para a margem.
“Ora,
ora, o que temos aqui?’, pensou o garoto, observando o que havia pescado. “De
onde veio isso?”.
Era
um pequeno baú, muito velho, que parecia uma arca do tesouro de um filme de piratas. Estava
coberto de lama e lodo, exalando um odor forte e pútrido. Gabriel olhou ao
redor, para ver se não estava sendo observado. Uma espécie de piche selava a tampa, que com um pouco de esforço abriu-se totalmente. Lá
dentro havia mais lama, porém algo reluziu no meio dela. O garoto utilizou um
pedaço de pau para resgatar o que quer que fosse aquilo, e estranhou o formato
cilíndrico daquela descoberta.
Com
todo o cuidado, lavou o objeto na margem rasa do córrego, e ficou maravilhado.
Era algo que nunca havia visto antes, nem em livros: um tubo de metal, com
cerca de trinta centímetros de comprimento por dez de diâmetro. Ao lado havia algumas inscrições em japonês.
“O
que é isso?”, pensou, em êxtase. Havia feito um achado! Saiu para explorar e
acabou ganhando um presente. “Mãe, veja o que eu encontrei no riozinho!”,
anunciou ao chegar em casa. Ela não disfarçou o contentamento ao ver o filho
feliz. “Que sorte a sua, Gabriel!”, disse ela, mais tarde. “Agora telefone
para algum amigo e o chame aqui para vocês descobrirem para que isso serve”,
falou, esperançosa.
Mas
Gabriel não tinha amigos. Ao menos, não amigos comuns. A tempestade é que
fora sua amiga, trazendo-lhe aquele presente raro e inusitado, que mudaria sua
vida para sempre.
Achei o conto muito emocionante
ResponderExcluirsou aluno luan de Souza Menezes do 9°"A"
Achei muito bonito..
ResponderExcluirGostei muitooo
ResponderExcluirgostei muito parabéns 👏
ResponderExcluirFicou muito bom
ResponderExcluirAdorei. Riesemberg!!
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