Juan
acordou estranho. Sonhara que viajaria a um país distante, para então lá viver.
Mas, prestes a sair de casa para ir ao aeroporto, pensava nos pais, que teria
que deixar, e foi tomado por muitas saudades do passado, dos anos da infância e
da segurança que eles lhe davam. Além disso, seria sua primeira viagem para tão
longe, e estava nervoso.
Por
outro lado, neste sonho, viajaria com Beto e Fernando, seus dois grandes amigos
de outrora, com quem não falava há tempos, e a presença deles o confortava. Sua
última sensação, antes de acordar, foi um calor humano por estar junto de seus
amigos no interior da aeronave, apesar de estarem sentados em assentos
distantes.
Ao
abrir os olhos naquele dia, Juan lembrou do que sonhara e sentiu-se vazio. O
país estava em crise. Não havia empregos, nem a esperança de um futuro melhor.
Ir morar no exterior era uma solução, mas ele sequer havia pensado nisso para
ele. Nem passaporte possuía. Sentia-se estagnado, sem crescer há muito tempo, e
isso o deprimia.
O
sonho daquela noite ainda o fez lembrar de Beto e Fernando. Por onde andariam
os grandes camaradas? Há muito que não os encontrava. Seria uma boa hora dar um
telefonema, marcar algo. O mesmo sobre os pais, de quem estava tão afastado
ultimamente, apesar do dinheiro que depositavam mensalmente em sua conta.
Juan
levantou determinado a resolver as três questões trazidas pelo sonho: se
aproximaria dos pais, voltaria a procurar os amigos e abriria um negócio, por
mais difícil que fosse o momento. E algo o fazia sentir que as três coisas
estavam conectadas.
Dias
depois estava rindo com seus pais e fazendo-os sorrir. Fez uma surpresa na hora
do almoço. Pediu desculpas pelo afastamento e pelos pequenos desastres de que
foi protagonista, desde a adolescência. Mas agora estava determinado: queria
mudar, dar-lhes orgulho. E para coroar o feliz encontro, conseguiu dizer aquela
frase, sempre impedida de sair de sua boca, como que por encantamento: “Eu amo
vocês”.
Mais
tarde estava com Beto e Fernando, no carro deste último.
-Há
quantos anos não nos víamos? Três? Quatro?
Rumavam
felizes para uma lanchonete, como nos velhos tempos. Quando o carro atravessava
uma ponte, Juan suspirou e congelou aquele momento emblemático. Encontrava-se
na passagem para uma nova fase de sua vida. Estava deixando para trás tantos
erros, dando o primeiro passo de uma longa caminhada. No mesmo dia havia
exorcizado vários de seus demônios, falando o que precisava para a família e
para os amigos. E tudo havia começado com aquele sonho, em que se preparava
para viajar ao exterior.
“Não
foi bem um sonho, foi uma premonição”, pensou, associando a viagem, o medo, a
presença dos pais e dos amigos com sua vida e com as decisões tomadas. “Sim, o
sonho foi bem real”, concluiu, sem perceber o gigantesco caminhão sem controle,
na direção oposta, em velocidade vertiginosa e com o motorista adormecido. “Sim,
tudo vai mudar daqui pra frente”.
Desculpe fugir do post, mas o que aconteceu com o Mário Carneiro Jr? Ainda continua vivo?
ResponderExcluirO máximo que achei desse cara foi isso: http://www.crn1.com.br/noticias/38705/Evento-Entre-Palavras-aproxima-leitores-e-escritores-na-Biblioteca-de-C--Mourao.html
Descobri o blog dele(biblioteca mal-assombrada) há duas semanas e virei leitor assíduo das resenhas. Virou meu site de leitura de todas as noites, desbancando até o anterior que ocupava esse posto(o HG101) rsrs Infelizmente, acho que já devo ter lido mais da metade das resenhas que ele postou.
Esse cara vai me fazer gastar uma grana, pois já listei vários livros legais que ele recomendou, mas só comprei 2, pois o restante... tá tudo caro! O.O
Bom, enfim, mande um abraço pro Mário, ele fez um grande trabalho por lá. Que um dia ele volte a resenhar outros livros...
Olá! O Mário continua vivo, sim! Mandei seu comentário para ele, e ele falou que espera que você consiga o dinheiro para comprar todos os livros. Pode procurá-lo no Facebook. Eis o perfil dele: https://www.facebook.com/profile.php?id=897300243&fref=ts
ResponderExcluirOpa, vlw pelo esclarecimento, Riesemberg!
ResponderExcluirSério, cheguei a pensar "caraca, eu posso estar lendo um blog de um cara que bateu a caçuleta!".
Assim que tiver um tempo disponível, leio seus contos aqui tbm, como esse aí :)
Um abraço!
O sonho foi o último suspiro de sua vida, avisando que ele deveria retomar velhos hábitos, pois dali pra frente, seria seus últimos suspiros, isso que entendi deste conto, mas acho que poderia ter sido mais detalhista na transição dos pais para o encontro com seus amigos, escrevo contos também, até mais.
ResponderExcluirFez-me chorar com os olhos da alma!
ResponderExcluirQue demai!
ResponderExcluirGostei!
ResponderExcluirBEM KINGNIANO S2
ResponderExcluirFoi muito bom esse conto
ResponderExcluirNossa...
ResponderExcluirUm conto que nós faz pensar sobre nós mesmos e nossas atitudes.
Muito bom.
Qual é o gênero desse texto?
ResponderExcluirEste conto me lembrou como é dolorosa a partida e o distanciamento (mesmo estando perto) de pessoas amadas
ResponderExcluirolá! poderia me falar o autor, obra de origem e nacionalidade desse conto, por favor?
ResponderExcluirQual foi os temas abandonados do conto
ResponderExcluirSó não entendi a parte que fala dos d&m0n!0$ .
ResponderExcluir