Joseph trabalhou o dia todo. O escritório é
apertado, quente e a cadeira é desconfortável. Tudo o que ele quer: chegar em casa, descalçar
os sapatos, sofá e TV.
Emma está muito empolgada com a comemoração
dos seus cinco anos de casamento, tanto que ficou o dia inteiro preparando uma
surpresa para o esposo. Limpou toda a casa, mudou os móveis de lugar, fez as
unhas e o cabelo no salão de beleza e está usando um vestido novo, produzido
especialmente para a ocasião. Isto sem falar no suflê que está no forno, pronto
para ser servido na mesa romanticamente decorada assim que Joseph chegar do
serviço.
Ele entra, livra-se dos sapatos e joga-se
no sofá.
Estranhando aquele comportamento, magoada
por ele não ter falado absolutamente nada a respeito da arrumação da sala e,
principalmente, por não ter reparado que ela estava com os cabelos bonitos e o
vestido especial, ela começa a se enfurecer, acreditando que se ele a trata
desta maneira e nem se lembrou do aniversário de casamento, só pode significar
uma coisa: outra mulher.
-Você poderia não jogar os sapatos e essas
meias fedidas no meio da nossa sala? Se você não reparou, está tudo limpo aqui.
- Ah, amor, desculpe. É que estou com dor
nos pés.
-Dor nos pés, é? Sei! Pois pode me falar a
verdade, senhor Joseph. Eu já estou sabendo de tudo. Acha que não me contaram,
é? Que história é essa? Depois de tanto tempo acha que pode me trair desse
jeito? Pois saiba que eu vou descobrir quem é essa sirigaita e vou fazer o
maior escândalo, e ela vai aprender a não se meter nunca mais com homem casado,
além disso...
“Pare”. Este foi o comando de voz que ele
deu, e automaticamente Emma calou-se e congelou seus movimentos.
Ele disse: “Reiniciar”, e ela fechou os
olhos. Ficou assim por cerca de dois minutos, e então abriu as pálpebras
novamente. Quando identificou a presença do marido, seus olhos brilharam felizes
exatamente como da primeira vez que o viu.
-Meu amor! – ela disse. – Que bom que você
chegou! Descanse aí porque daqui a pouco vou servir um jantar delicioso. E
parabéns pelo dia de hoje, querido. Cinco anos juntos! Você não se esqueceu,
não é?
Ele sorriu, lembrando-se do dia em que a
caixa chegou pelos Correios e que ele passou mais de três horas mexendo nas
configurações da companheira.
-E como eu poderia esquecer, meu amor?
Como?
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