terça-feira, junho 11, 2013

A Noiva (L.F.Riesemberg)




-Não fique assim, minha filha. Ele é um bom homem. Cuidará de você, dar-te-á coisas que nunca pudemos comprar. 

-Mas pai, eu não o amo! Era para outro que eu entregaria meu coração...

-Eu sei, Dory, eu sei. Mas aquele rapaz não tem condições. Vocês viveriam na penúria!

A jovem cobria os olhos com as mãos, como se não quisesse encarar seu infeliz destino.

-Olhe-se no espelho, querida. Está tão linda de branco! Agora enxugue essas lágrimas, porque o conde não vai gostar de recebê-la assim tão triste. 

-Para o inferno com o conde! Eu preferiria morrer...

A música começou a tocar, anunciando sua entrada, e o pai a puxou pela mão.

-Venha, querida. Faça isso por mim e pela sua mãe.

A porta se abriu, e através da névoa do véu Dory percebeu todos os olhares do salão voltados para ela. Conforme avançava a lentos passos pelo tapete, braços dados com o pai, ela ia sentindo o odor dos convidados, e começou a enjoar. 

-Só mais alguns passos e estamos lá, aguente firme – sussurrou o pai, mantendo o sorriso.

O noivo, num belo traje preto, também sorriu ao receber a jovem.

-Cuide bem dela. É uma jóia para mim.

-Não se preocupe, senhor. Vou tratá-la como sempre tratei minhas esposas.

Cada uma estava de um lado dele, imóveis, com vestidos idênticos.

Quando ele levantou o véu, tudo ficou mais nítido. Dory desviou o olhar do homem parado à sua frente e percebeu o que havia ao redor. A luz das velas nos candelabros, a túnica púrpura do celebrante, os detalhes entalhados nos bancos de madeira...

A música do órgão parou, e só então ela olhou nos olhos do noivo. Eram olhos negros profundamente cruéis, mas por expressarem maldade em um rosto tão belo, lhe davam um charme especial, de extrema elegância, e tornavam-se irresistíveis. Ela estava hipnotizada por aquele olhar, e começou a pensar que, afinal, até poderia ser feliz naquela união.

Como mandam as tradições, para selar o matrimônio o conde cravou as presas no pescoço alvo da noiva, e o sangue escorreu quente pela sua pele pálida. Agora eternamente pálida.

2 comentários:

  1. Esse conto é dé qual autor(a)? Preciso para um trabalho, gostei deste conto mas preciso saber o nome do autor para colocar no trabalho.

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  2. Parabéns!!!
    Sou professora do Ensino Médio e Fundamental e uso esse conto em várias provas. Ele é maravilhoso.
    Tânia Mara

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