segunda-feira, junho 15, 2015
O Tesouro do Pirata (L.F.Riesemberg)
Ele prendeu o barco às rochas e entrou na gruta. Segurava um lampião para iluminar o caminho, enquanto o mapa indicava por quais cavidades deveria passar.
Foi se espremendo pelas paredes úmidas, até passar por uma apertada abertura que levava ao coração da caverna.
O lugar era imenso, com um lago subterrâneo de água azul e límpida. Mas ele não estava ali pela paisagem.
Seguiu como indicado no mapa, equilibrando-se sobre a prótese de madeira. A luz fraca o fazia forçar o olho bom, mas era o que bastava.
Quando finalmente avistou a arca, havia dois esqueletos sobre ela. Ele os afastou com o gancho, e tirou uma chave do bolso.
A mão tremia quando a fechadura abriu. “Estará mesmo aqui?”, pensou.
Um dos crânios no chão dava a impressão de estar rindo.
Quando ergueu a tampa do baú, uma luz dourada refletiu nas suas barbas brancas.
-Sim! Está tudo aqui! – gritou, gargalhando.
Havia passado décadas obcecado por aquele tesouro, e não tinha como esquecer tudo o que passou para chegar até ali.
Passou a mão no rosto e sentiu a cicatriz.
Lembrou o tiro que gangrenou e o fez amputar a perna.
O tubarão que arrancou sua mão com uma dentada.
O olho furado pelos estilhaços de uma explosão...
Enfim, para esquecer tudo isso, atirou-se às moedas de ouro. Finalmente havia conseguido! Merecia aquele prêmio.
Rindo descontroladamente, demorou a notar que as caveiras haviam se levantado e o espiavam de modo zombeteiro.
-O que? – gritou, querendo fugir, mas sem largar do baú.
Elas riam da cobiça dele.
-Não reconhece os amigos? – perguntou um dos esqueletos.
Ele finalmente compreendeu que eram os dois companheiros que ele havia traído para não ter que dividir o tesouro.
Ele acorda assustado, e se vê deitado em uma cama no convés do navio. Olha rapidamente para as pernas: as duas estão lá. As mãos também. Levanta-se para olhar no espelho, e percebe que ainda é jovem e belo.
-Teve um pesadelo, capitão? – lhe pergunta um encarregado.
O mar tranquilo e azul parecia estar ainda mais bonito naquela manhã ensolarada.
- Acho que foi um aviso, marujo.
A grande embarcação mudou de rota naquele dia, assim como a vida de todos aqueles homens.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Riesemberg, ponha seu primeiro nome, ou um nome artístico, que facilita para usarmos o vocativo. Olha, não imaginava que fosse lá grande coisa. Então me detive lendo meio preguiçosamente e acabei sendo fisgado pela curiosidade. Que surpresa agradável. Belo conto. Parabéns! Continue! Você tem talento.
ResponderExcluirAss.:
Fernando José de Lima
Riesemberg, ponha seu primeiro nome, ou um nome artístico, que facilita para usarmos o vocativo. Olha, não imaginava que fosse lá grande coisa. Então me detive lendo meio preguiçosamente e acabei sendo fisgado pela curiosidade. Que surpresa agradável. Belo conto. Parabéns! Continue! Você tem talento.
ResponderExcluirAss.:
Fernando José de Lima
Uau! Gostei muito. Parabéns
ResponderExcluir