terça-feira, maio 26, 2015

Cordeiro para o abate (Roald Dahl)



 
O quarto estava quente e limpo, as cortinas fechadas, os dois abajures acesos – o dela e o que ficava na poltrona vazia, do outro lado. Na mesa atrás dela, dois copos altos, soda, uísque. Cubos de gelo frescos no balde.

Mary Maloney estava esperando seu marido chegar do trabalho.


De vez em quando ela olhava para o relógio, mas sem ansiedade, meramente para agradar a si mesma com o pensamento de que cada minuto passado tornava mais próximo o momento que ele chegaria. Havia um ar sorridente sobre ela e sobre tudo o que ela fazia. O seu abaixar de cabeça enquanto se inclinava sobre o tricô era curiosamente tranquilo. Sua pele - pois este era o seu sexto mês de gestação - tinha adquirido uma bela qualidade translúcida. A boca era suave, e os olhos, com sua aparência calma, pareciam bem mais escuros do que antes. Quando o relógio marcava dez minutos para as cinco, ela começou a prestar atenção, e poucos momentos depois, pontualmente como sempre, ela ouviu os pneus sobre o cascalho lá fora, a porta do carro batendo, os passos que passaram na janela, a chave girando na fechadura. Ela deixou o tricô de lado, levantou e foi para a frente, para beijá-lo quando ele entrasse.

"Olá, querido", disse ela.

"Olá, querida," ele respondeu.

Ela pegou o casaco dele e pendurou no armário. Em seguida, se aproximou e fez as bebidas, uma mais forte para ele, uma fraca para si mesma; e logo ela estava de volta em sua cadeira com o tricô, e ele na outra, em frente, segurando o copo com ambas as mãos, balançando-o de modo que os cubos de gelo tilintavam.

Para ela, este foi sempre um momento feliz do dia. Ela sabia que ele não queria falar muito até que a primeira bebida acabasse, e ela, do seu modo, estava contente em sentar-se calmamente, apreciando sua companhia depois de ficar sozinha em casa por tantas horas. Ela gostava de deleitar-se com a presença deste homem, e sentir - quase se tomasse um banho de sol – aquele quente brilho masculino que ia dele para ela quando estavam a sós. Ela o amava pela maneira como ele se sentava largadamente na cadeira, pela forma como passava por uma porta, ou como se movia lentamente pela sala dando passos largos. Ela adorava olhar os olhos dele quando eles descansavam nela, a forma engraçada dasua boca, e especialmente a forma como ele permanecia em silêncio sobre o seu cansaço, sentado parado e sozinho até que tivesse tomado um pouco de uísque.

"Cansado, querido?"

"Sim", disse ele. "Estou cansado", e assim que falou, ele fez uma coisa incomum. Ergueu o copo e bebeu de um gole, embora ainda estivesse pela metade. Na verdade ela não estava olhando para ele, mas sabia que ele tinha feito aquilo, porque ela ouviu os cubos de gelo caindo no fundo do copo vazio quando ele abaixou o braço. Ele fez uma pausa, inclinando-se na cadeira, em seguida se levantou e foi lentamente pegar mais uma bebida.

"Eu pego!" disse ela, pulando da cadeira.

"Sente-se", disse ele.

Quando ele voltou, ela notou que a nova bebida estava escura como âmbar, pela quantidade de uísque.

"Querido, devo trazer os seus chinelos?"

"Não."

Ela observou enquanto ele começava a tomar a bebida amarelo-escura, e podia ver pequenos redemoinhos oleosos no líquido de tão forte que estava.


Eu acho uma vergonha", disse ela, "que um policial tão experiente como você continue andando a pé o dia todo."

Ele não respondeu, então ela inclinou a cabeça novamente e continuou com seu tricô; cada vez que ele levava a bebida aos lábios, ela ouvia os cubos de gelo tilintando contra o vidro.

"Querido", disse ela. "Você quer que eu traga um pouco de queijo? Hoje eu não preparei o jantar porque é quinta-feira."

"Não", ele disse.

"Se você está cansado demais para comer fora", continuou ela, "ainda não é tão tarde. Tem muita carne e outras coisas no freezer, e você pode comer aqui, sem nem levantar da cadeira."

Seus olhos pararam nele à espera de uma resposta, um sorriso, um aceno, mas ele não fez nenhum sinal.

"De qualquer forma", continuou ela, "antes eu vou te dar um pouco de queijo e biscoitos."

"Eu não quero", disse ele.

Ela moveu-se inquieta na cadeira, os grandes olhos ainda observando o rosto dele. "Mas você precisa comer! Vou arrumar tudo, de qualquer maneira, e então você pode comer ou não, como preferir."

Ela levantou-se e colocou o tricô na mesa, sob a lâmpada.

"Sente-se", disse ele. "Só por um minuto, sente-se."

Foi só então que ela começou a ficar assustada.

"Vai", disse ele. "Sente-se."

Ela desceu lentamente até a cadeira, olhando para ele o tempo todo com aqueles grandes olhos perplexos. Ele havia terminado a segunda bebida e estava olhando o copo, franzindo a testa.

"Ouça", disse ele. "Eu tenho algo para contar."

"O que foi, querido? Qual o problema?"

Agora ele tinha ficado totalmente imóvel, e manteve a cabeça de modo que a luz do abajur ao lado dele iluminava a parte superior de seu rosto, deixando o queixo e a boca na sombra. Ela notou que havia um pequeno espasmo muscular no canto de seu olho esquerdo.

"Vai ser um pequeno choque para você, acredito", disse ele. "Mas eu pensei bastante e decidi que a única coisa a fazer é contar imediatamente. Espero que você não me culpe tanto."

E ele contou a ela. Não demorou muito, quatro ou cinco minutos no máximo, e ela ouviu tudo sem se mexer, observando com uma espécie de horror atordoado enquanto ele se afastava dela cada vez mais a cada palavra.

"Então é isso", acrescentou. "Eu sei que é uma coisa ruim de lhe dizer, mas simplesmente não havia outra maneira. É claro que eu vou te cuidar e te dar dinheiro. Mas realmente não há necessidade de brigas. Espero que não. Não seria muito bom para o meu trabalho".

Seu primeiro instinto foi não acreditar em nada, rejeitar tudo. Ocorreu-lhe que talvez ele não tivesse falado, que ela mesma tinha imaginado tudo aquilo. Talvez, se ela fosse cuidar de suas coisas e agisse como se não estivesse ouvindo, em seguida, mais tarde, quando ela meio que acordasse, poderia descobrir que nada daquilo tivesse acontecido.

"Eu vou fazer a janta", ela conseguiu sussurrar, e desta vez ele não a impediu.

Quando ela atravessou a sala, não podia sentir seus pés tocando o chão. Ela não conseguia sentir nada - exceto uma ligeira náusea e uma vontade de vomitar. Tudo estava no automático - descer as escadas para o porão, o interruptor de luz, o congelador, a mão dentro do congelador tirando a primeira coisa que encontrou. Ela levantou-a para fora, e olhou para ela. Foi embrulhada em papel, então ela desembrulhou e olhou novamente.

Uma perna de cordeiro.

Tudo bem, então eles teriam cordeiro para o jantar. Ela levou-o para cima, segurando o osso com ambas as mãos, e quando passou pela sala de estar, ele estava em pé junto à janela, de costas, e ela parou.

"Pelo amor de Deus", disse ele, ouvindo-a, mas sem se virar. "Não faça o jantar para mim. Eu vou sair."

Nesse ponto, Mary Maloney simplesmente andou até as costas dele e, sem qualquer pausa, ergueu no ar a grande perna congelada de cordeiro e bateu o mais forte que pôde na parte de trás de sua cabeça.

Poderia muito bem ter batido com um taco de aço.

Ela deu um passo atrás, esperando, e o engraçado foi que ele permaneceu em pé por pelo menos quatro ou cinco segundos, balançando suavemente. Então ele caiu no tapete.

A violência do acidente, o ruído, o balançar da pequena mesa, a ajudaram a tirá-la do estado de choque. Ela voltou lentamente, sentindo frio e surpresa, e ficou por um tempo piscando para o corpo, ainda apertando o ridículo pedaço de carne com as duas mãos.

Tudo bem, disse a si mesma. Então, eu o matei.

Era incrível, então, o quanto sua mente tornou-se clara de repente. Ela começou a pensar muito rápido. Como esposa de um detetive, ela sabia muito bem qual seria a sua pena. Tudo bem. Não fazia diferença para ela. Na verdade, seria um alívio. Por outro lado, o que aconteceria com a criança? Quais eram as leis sobre assassinas grávidas? Será que eles matam ambos – a mãe e a criança? Ou será que eles esperam até o décimo mês? O que eles faziam?

Mary Maloney não sabia. E ela certamente não estava preparada para arriscar.

Ela levou a carne para a cozinha, colocou-a em uma panela, acendeu o forno em fogo alto, e empurrou para dentro. Em seguida, lavou as mãos e subiu correndo para o quarto. Sentou-se diante do espelho, arrumou o cabelo, retocou o rosto. Ela tentou um sorriso, que saiu bastante estranho. Ela tentou novamente.

"Olá, Sam", disse ela brilhantemente, em voz alta.

A voz soava estranha também.

"Eu quero algumas batatas, por favor, Sam. Sim, e acho que uma lata de ervilhas."

Estava melhor. Tanto o sorriso como a voz saíram melhores desta vez. Ela ensaiou várias vezes mais. Então desceu correndo as escadas, pegou o casaco e saiu pela porta de trás - a do jardim - para a rua.

Eram quase seis horas e as luzes ainda estavam acesas na mercearia.

"Olá, Sam", disse ela brilhantemente, sorrindo para o homem atrás do balcão.

"Ora, boa noite, Sra Maloney. Como está?"

"Eu quero algumas batatas, por favor, Sam. Sim, e eu acho que uma lata de ervilhas."

O homem virou-se e estendeu a mão para as ervilhas na prateleira.

"Patrick decidiu que está cansado e não quer comer fora esta noite", disse ela. "Nós normalmente saímos às quintas-feiras, você sabe, e agora ele me pegou sem verduras em casa."

"E carne, Sra. Maloney?"

"Não, eu tinha carne, obrigado. Tinha uma boa perna de cordeiro no freezer."

"Oh."

"Eu não sei muito como cozinhar congelados, Sam, mas vou tentar desta vez. Você acha que dá certo?"

"Pessoalmente", disse o dono da mercearia, "eu não acredito que isso faça alguma diferença. Você quer essas batatas de Idaho?"

"Ah, sim, pode ser. Duas."

"Algo mais?" O vendedor inclinou a cabeça para um lado, olhando-a agradavelmente. "E depois? O que você vai dar a ele de sobremesa?"

"Bem, o que você sugere, Sam?"

O homem olhou em torno de sua loja. "Que tal uma fatia grande de cheesecake? Eu sei que ele gosta."

"Perfeito", disse ela. "Ele adora."

E quando tudo estava embrulhado e ela tinha pago, ela fez seu mais brilhante sorriso e disse: "Obrigado, Sam. Boa noite."

"Boa noite, Sra Maloney. E obrigado."

E agora, ela dizia a si mesma quando voltava, tudo o que estava fazendo era voltar para casa, onde seu marido estava esperando para jantar; e ela deveria cozinhar bem, e fazer uma comida tão saborosa quanto possível, porque o pobre homem estava cansado; e se, quando ela entrasse na casa, encontrasse qualquer coisa incomum, trágica, ou terrível, então, naturalmente, seria um choque e ela se tornaria histérica, com dor e medo. Lembre-se, ela não estava à espera de encontrar nada. Ela estava apenas indo para casa com os legumes. A Sra Patrick Maloney indo para casa com os legumes na quinta-feira à noite para cozinhar o jantar para o marido.

É isso, ela disse a si mesma. Faça tudo naturalmente e não haverá necessidade de fingir nada.

Portanto, quando ela entrou na cozinha pela porta dos fundos, estava cantarolando uma musiquinha e sorrindo.

"Patrick!", ela chamou. "Como está, querido?"

Ela colocou o embrulho em cima da mesa e atravessou a sala de estar; e quando o viu deitado no chão com as pernas para cima e um braço torcido para trás debaixo do corpo, ela realmente teve um choque. Todo o antigo amor e desejo por ele brotou dentro dela, e ela correu para ele, ajoelhou-se ao lado dele, e começou a chorar. Foi fácil. Nenhum fingimento foi necessário.

Poucos minutos depois, ela se levantou e foi até o telefone. Ela sabia o número da delegacia de polícia, e quando o homem do outro lado atendeu, ela gritou: "Rápido! Venha depressa! Patrick está morto!"

"Quem está falando?"

"Sra. Maloney. Sra Patrick Maloney."

"Você quer dizer que Patrick Maloney está morto?"

"Eu acho que sim", ela soluçou. "Ele está deitado no chão e eu acho que está morto."

"Estamos chegando", disse o homem.

O carro veio muito rapidamente, e quando ela abriu a porta da frente, dois policiais entraram. Ela conhecia os dois, ela conhecia quase todos naquela delegacia.

"Ele está morto?", ela perguntou.

"Temo que sim. O que aconteceu?"

Resumidamente, ela contou sua história sobre ir à mercearia, voltar e encontrá-lo no chão. Enquanto ela estava chorando e falando, Noonan descobriu uma pequena mancha de sangue coagulado na cabeça do morto. Ele mostrou para O'Malley, que se levantou imediatamente e correu para o telefone.

Rapidamente, outros homens começaram a entrar na casa. Primeiro, um médico, em seguida dois detetives, um dos quais ela conhecia de nome. Mais tarde, um fotógrafo da polícia chegou e tirou fotos, e um homem que entendia de impressões digitais. Havia uma grande quantidade de sussurros ao lado do cadáver, e os detetives ficavam fazendo um monte de perguntas a ela. Mas eles sempre a tratavam com gentileza. Ela contou sua história de novo, desta vez desde o início, quando Patrick tinha entrado, e ela estava tricotando, e ele estava cansado, tão cansado que não queria sair para jantar. Ela contou como ela ia colocar a carne no forno, "ela está lá agora, assando" - e como ela tinha corrido à mercearia, e o encontrado deitado no chão quando voltou.

"Que mercearia?", um dos detetives perguntou.

Ela disse, e ele se virou e sussurrou algo para o outro, que imediatamente saiu para a rua.

Em 15 minutos ele estava de volta com uma página de notas, e houve mais sussurros, e no meio de seus soluços ouviu algumas das frases sussurradas - "... agiu normalmente... muito alegre ... queria dar-lhe uma boa janta ... ervilhas ... cheesecake ... Impossível que ela ... "

Depois de um tempo, o fotógrafo e o médico saíram. Dois outros homens entraram e levaram o cadáver em uma maca. Então o homem das impressões digitais foi embora. Os dois detetives permaneceram, e também os dois policiais. Eles foram excepcionalmente bons com ela, e Jack Noonan perguntou se ela não preferia ir para outro lugar, para a casa de sua irmã, talvez, ou para sua própria casa, onde sua esposa cuidaria dela naquela noite.

Não, disse ela. Ela sentia que não dava para andar nem mesmo alguns metros naquele momento. Será que eles se importariam se ela apenas ficasse onde estava até se sentir melhor? Ela não se sentia muito bem no momento, de verdade.

Então não seria melhor deitar-se na cama?, perguntou Jack Noonan.

Não, disse ela. Ela gostaria de ficar onde estava, naquela cadeira. Um pouco mais tarde, talvez, quando ela se sentisse melhor, sairia.

Então eles a deixaram lá e foram cuidar de suas coisas, fazendo uma busca na casa. Ocasionalmente um dos detetives lhe fazia outra pergunta. Às vezes, Jack Noonan falava gentilmente com ela quando passava. Seu marido, ele disse, tinha sido morto por um golpe na parte de trás da cabeça, feito com um instrumento muito pesado, quase certamente um grande pedaço de metal. Eles estavam procurando pela arma. O assassino pode tê-la levado com ele, mas por outro lado ele pode tê-la jogado fora ou escondido em algum lugar.

"É a velha história", disse ele. "Ache a arma, e você acha o homem."

Mais tarde, um dos detetives apareceu e sentou ao lado dela. Ela sabia, ele perguntou, de qualquer coisa na casa que poderia ter sido usado como arma? Será que ela se importaria de olhar ao redor para ver se alguma coisa estava faltando – uma chave inglesa muito grande, por exemplo, ou um vaso pesado de metal.

Eles não tinham nenhum vaso pesado de metal, disse ela.

"E uma grande chave inglesa?"

Ela achava que eles não tinham uma grande chave inglesa. Mas poderia haver algumas coisas assim na garagem.

A busca continuou. Ela sabia que havia outros policiais no jardim ao redor da casa. Ela podia ouvir seus passos no cascalho, e às vezes ela via uma luz por uma fresta entre as cortinas. Começou a ficar tarde, quase nove horas, ela percebeu pelo relógio. Os quatro homens que procuraram nos quartos pareciam estar ficando cansados.

"Jack", disse ela na próxima vez em que o sargento Noonan passou. "Você se importa em me dar uma bebida?"

"É claro que não. Você quer este uísque?"

"Sim, por favor. Mas só um pequeno. Pode fazer eu me sentir melhor."

Ele entregou-lhe o copo.

"Por que você não toma um também?", disse ela. "Você deve estar muito cansado. Por favor, beba. Você tem sido muito bom comigo."

"Bem", respondeu ele. "Não é permitido, mas eu poderia tomar só uma gota para me manter em pé."

Um por um, os outros vieram e foram persuadidos a tomar um pouco de uísque. Eles ficaram em volta, meio esquisitos com as bebidas nas mãos, desconfortáveis ​​em sua presença, tentando dizer coisas consoladoras para ela. O sargento Noonan entrou na cozinha, saiu rapidamente e disse: "Olhe, senhora Maloney. O forno está ligado, e a carne ainda está lá dentro."

"Oh, meu Deus!" ela disse. "É mesmo!"

"É melhor eu desligá-lo para você, não acha?"

"Você faria isso, Jack? Muito obrigado."

Quando o sargento voltou pela segunda vez, ela olhou para ele com seus grandes olhos escuros cheios de lágrimas. "Jack Noonan...", disse ela.

"Sim?"

"Você poderia me fazer um pequeno favor, você e os outros?"

"Nós podemos tentar, Sra Maloney."

"Bem", disse ela. "Aqui estão todos vocês, que também são bons amigos do querido Patrick, ajudando a pegar o homem que o matou. Vocês devem estar morrendo de fome, porque já passou muito da hora do jantar, e eu sei que Patrick nunca me perdoaria, Deus abençoe sua alma, se eu permitisse que ficassem em sua casa sem oferecer-lhes hospitalidade decente. Por que vocês não comem o cordeiro que está no forno? A esta altura já devia estar no ponto. "

"Eu não poderia, de modo algum", disse o sargento Noonan.

"Por favor", ela implorou. "Por favor, comam. Pessoalmente, eu não poderia comer, não com o que aconteceu nesta casa enquanto ele estava aqui. Mas tudo bem para vocês. Seria um favor para mim se vocês o comessem. Depois podem continuar o trabalho. "

Houve uma boa dose de dúvida entre os quatro policiais, mas eles estavam claramente famintos, e no final eles foram convencidos a ir para a cozinha. A mulher ficou onde estava, ouvindo-os falar entre si, com as bocas cheias de carne.

"Vai querer um pouco mais, Charlie?"

"Não. É melhor não comer tudo."

"Ela quer que a gente coma tudo. Ela disse isso. Seria um favor a ela."

"Ok, então. Me dê um pouco mais."

"Deve ter sido um porrete enorme usado para bater no pobre Patrick", um deles estava dizendo. "O médico diz que seu crânio foi esmagado em pedaços, como por uma marreta."

"É por isso que deveria ser fácil de encontrar."

"Exatamente o que eu digo."

"Quem quer que tenha feito isso, não sairia carregando uma coisa dessas por aí."

Um deles arrotou.

"Pessoalmente, eu acho que está aqui na casa."

"Provavelmente bem debaixo do nosso nariz. O que você acha, Jack?"

E no outro quarto, Mary Maloney começou a dar risadinhas.




(Tradução de "Lamb to the Slaughter", por L.F.Riesemberg)

Um comentário:

  1. Fiz uma versão em português, norma europeia, a partir da sua excelente tradução deste conto de RD. Espero que não se importe. Muito obrigada!

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